domingo, 31 de outubro de 2010

“ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST”

Rev. Simonton

Estamos comemorando hoje dia 31, 493 anos de Reforma Protestante. A Reforma não foi uma inovação, ao contrário, a igreja por tanto inovar, buscar novas formas de culto, nos princípios litúrgicos, na soteriologia, na eclesiologia, na Interpretação Bíblica, na ordenação, estava produzindo o distanciamento do cristianismo bíblico, puro e simples. A apostasia tomou conta da Igreja, e as heresias sucumbiram à verdade das Escrituras Sagradas. A Reforma nada mais é do que retorno.
Retorno à Palavra de Deus - a Bíblia não é apenas uma fonte da revelação de Deus ao homem, mas a única regra de fé e prática (Sola Scriptura). Retorno a Cristo - existe um único mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Ele é o único Salvador e Senhor e não há salvação em nenhum outro nome (Solo Christos). Retorno Graça - “pela graça sois salvos”. A graça é um dom imerecido de Deus. Somos escolhidos por Deus para a salvação não por causa dos nossos méritos, mas por causa dos méritos do Senhor Jesus Cristo (Sola Gratia). Retorno à fé - a justificação é somente pela fé, independente das obras da lei. A base da salvação não é o esforço humano, mas o sacrifício substitutivo de Cristo na cruz, (Sola Fide). Retorno a Deus - toda a glória somente a Deus. Deus não reparte a sua glória com ninguém, (Soli Deo Gloria). Não podemos esquecer de um princípio importante para nós hoje como Igreja Reformada: “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (Igreja Reformada sempre se Reformando). É tempo de reforma, é tempo de retorno, neste século quando algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando a essência da fé, outros estão se direcionando para o misticismo sincrético, praticando novidades estranhas às Escrituras Sagradas, adotando um outro evangelho, caindo no pragmatismo, querendo sucesso a todo o custo. Líderes seduzidos pela riqueza e glória pessoal. A Bíblia como regra de fé e prática, pura e simples tão enfatizada pelos reformadores, deu hoje o lugar a um evangelho eclético e sincretista, incorporando expressões e ensinos antibíblicos através dos ensinos e pregações proferidas em vários púlpitos de igrejas evangélicas. É fácil ouvir hoje uma ênfase muito grande de práticas, tais como: unção do riso, unção dos órgãos genitais para salvar o casamento, unção da galinha, unção da lagartixa, pessoas grudadas com mãos e caras na parede, quebra de maldições hereditárias, mapeamento espiritual, revelações extrabíblicas, aura mística em torno do número 12, oração forte, oração de poder, a visão celular que é uma espécie de panacéia para os males da Igreja, encostos, banhos de purificação, videntes evangélicos, profetas que cobram consultas espirituais, resultado pseudamente de “revelações do céu”. Calvino, não utilizava instrumentos no Canto Congregacional, pois os instrumentos têm o poder de chamar para si a glória que pertence ao Senhor. Quando uma guitarra sola, uma bateria sobressai, neste momento deixamos de louvor e passamos ao show. O Louvor transformou-se em apresentações: o grupo apresenta, o coral apresenta, a irmã ou o irmão apresenta, tudo glória humana. Vivemos um momento histórico em que os sentimentos pessoais justificam tudo, isto é hedonismo, “o amor é eterno enquanto dura”. Se eu gosto de um estilo, posso apresentá-lo a Deus, e Ele será obrigado a aceitá-lo. Se uma música ou letra me fazem sentir-me bem, então devo apresentá-los a Deus, porque me fazem feliz. Mas, se meu gosto e sentimentos não estão santificados, será que esta adoração me conduzirá ao Senhor, ou apenas a mim mesmo? Afinal adoro e louvo a Deus ou a mim mesmo, meu gosto e meus sentimentos? Não será por isso que não se lê mais a Bíblia? Afinal ela não é uma leitura muito legal, não tenta ser popular nem agradar as pessoas.
Lutero pagou o preço, foi excomungado e condenado a morte. Para sobreviver viveu boa parte de sua vida escondido em um castelo. Somos salvos pela graça de Deus. Este é o evangelho de Jesus Cristo. Este é o evangelho da reforma. A igreja de hoje precisa buscar em Deus ousadia para defender e viver o evangelho tal qual nos foi pregado no passado.

Igreja reformada sempre se reformando, fala-nos do tradicionalismo criativo.
Utiliza-se da tradição, não como autoridade final ou absoluta, mas como recurso importante colocado à nossa disposição pela providência de Deus, a fim de nos ajudar a entender o que a Escritura está dizendo sobre quem é Deus, quem somos nós, o que é o mundo ao nosso redor, e o que fomos chamados para fazer aqui e agora. Precisamos descobrir a indispensabilidade do dogma sobre a igreja. Os Reformadores sempre deram prioridade à verdade.
Ecclesia reformata et semper reformanda est.

Soli Deo Glória

sábado, 30 de outubro de 2010

SOU PROTESTANTE E FILHO DA REFORMA

Rev. Elizeu Eduardo

Protestante não é uma palavra pejorativa – Foi usada para se referir aos cristãos que protestaram em 1529 na Alemanha contra a afirmativa da Igreja Romana em querer reter para si, pela Lei a condição de única verdade de fé. A palavra protestante vem do latim “Pro” – que significa “para” e do infinitivo “testare” = testemunha - Ser protestante é ser testemunha de Jesus Cristo e de sua Palavra. Não se trata de protestar apenas contra os erros da Igreja Romana que exagerava como exagera até hoje em seus ensinos que contrariam a Palavra de Deus. Trata-se de apresentar o novo, o bíblico e a verdade custe o que custar. Tirar o fardo pesado da religião da Mentira de sobre os ombros de um povo cansado, em troca do leve e suave jugo da Verdade que é Cristo Jesus. Hoje o fardo da mentira não está somente na velha e dominante igreja de romana, ela tem novos parceiros na divulgação da opressão religiosa. Vendem-se missas, vendem-se casamentos, vendem-se “alivio” para as almas do “purgatório” mas também em algumas portas largas e caminhos dilatados das religiões exploradoras da boa fé do povo brasileiro vendem-se curas, vendem-se prosperidades. Vendem-se até a moral do povo brasileiro. Temos que nos alegrarmos quando chamados de filhos da Reforma Protestante. Mas devemos fazer jus ao nome. Somos os filhos da esperança com propostas de esperança para um povo sem esperança. Libertar o povo da cega idolatria e das crendices sem perde-los para a religião da magia onde os bruxos vestidos de pastores amarram-nos às superstições e promessas de soluções fáceis, alienando o ser da realidade libertadora, construtiva e salvadora do Evangelho de Jesus Cristo. Nosso protesto foi e deve ser sempre um protesto construtivo e não somente denunciativo. Um protestante tem sempre algo melhor para apresentar e só depois está autorizado para protestar contra o que está errado. Somos o protesto vivo, que deve ser demonstrado com nossa vida e nossos atos, antes de ser demonstrado em caminhadas medíocres e gritos de protestos com vozes desprovidas de caráter e santidade de vida. Somos os filhos da Luz e como tais, devemos deixar um rastro de luz por onde passarmos! E isto, diga-se com total e absoluta certeza, só será possível seguindo no rastro da Graça de Deus.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O colapso do Movimento Evangélico

Ricardo Gondim

Dois pastores paulistas se fantasiam de Fred e Barney. Isso mesmo, fantasiados de Flintstone, entre gracejos ridículos, acreditam que estão sendo "usados por Deus para salvar almas". Na rádio, um apóstolo ordena que tragam todos os defuntos daquele dia, pois ele sente que Deus o "ungiu para ressuscitar mortos".

Os jornais denunciam dois políticos de Minas Gerais, "eleitos por suas denominações para representar os interesses dos crentes", como suspeitos de assassinato. O rosário se alonga: oração para abençoar dinheiro de corrupção; prisão nos Estados Unidos por contrabando de dinheiro, flagrante de missionários por tráfico de armas; conivência de pastores cariocas com chefões da cocaína.

Fica claro para qualquer leigo: O movimento Evangélico brasileiro se esboroa. O processo de falência, agudo, causa vexame. Alguns já nem identificam os evangélicos como protestantes. As pilastras que alicerçaram o protestantismo vêm sendo sistematicamente abaladas pelo segmento conhecido como neopentecostal. Como um trator de esteiras, o neopentecostalismo cresce passa por cima da história, descarta tradições e liturgias e se reinventa dentro das lógicas do mercado. É um novo fenômeno religioso.

É possível, sim, separá-lo como uma nova tendência. Sobram razões para afirmar-se que o neopentecostalismo deixou de ser protestante ou até mesmo evangélico.É uma nova religião. Uma religião simplória na resposta aos problemas nacionais, supersticiosa na prática espiritual, obscurantista na concepção de mundo, imediatista nas promessas irreais e guetoizada em seu diálogo cultural.

Mas a influência do neopentecostalismo já transbordou para o "mainstream" prostestante. O neopentecostalismo fermentou as igrejas consideradas históricas. Elas também se vêem obrigadas a explicar quase dominicalmente se aderiram ou não aos conceito mágicos das preces. Recentemente, uma igreja batista tradicional promoveu uma "Maratona de Oração pela Salvação de Filhos Desviados".
Pentecostais clássicos, como a Assembléia de Deus, estão tão saturados pela teologia neopentecostal que pastores, inadvertidamente, repetem jargões e prometem que a vida de um verdadeiro crente fica protegida dentro de engrenagens de causa-e-efeito. Os "ungidos" afirmam que sabem fazer "fluir as bênçãos de Deus". É comum ouvir de pregadores pentecostais que vão ensinar a "oração que move o braço de Deus”.

O Movimento Evangélico implode. Sua implosão é visceral. Distanciou-se de dois alicerces cristãos básicos, graça e fé. Ao afastar-se destes dois alicerces fundamentais do cristianismo, permitiu que se abrisse essa fenda histórica com a tradição apostólica.

1. A teologia da Graça
Desde a Reforma, protestantes e católicos passaram a trabalhar a Graça como pedra de arranque de um novo cristianismo. O texto bíblico, “o justo viverá da fé”, acendeu o rastilho de pólvora que alterou a cosmovisão herdada da Idade Média. A Graça impulsionou o cristianismo para tempos mais leves. Foi a Graça que acabou com a lógica retributiva que mostrava Deus como um bedel a exigir penitência. Devido a Graça entendeu-se que a sua ira não precisa ser contida. O cristianismo medieval fora infectado por um paganismo pessimista e, por isso, sobravam espertalhões vendendo relíquias e objetos milagrosos que, segundo a pregação, “garantiam salvação e abriam as janelas da bênção celestial”.

Lutero, um monge agostiniano, portanto católico, percebeu que o amor de Deus não podia ser provocado por rito, prece, pagamento ou penitência. Graça, para Lutero, significava a iniciativa de Deus, constante, unilateral e gratuita, de permanecer simpático com a humanidade. Lutero intuiu que Deus não permanecia de braços cruzados, cenho franzido, à espera de que homens e mulheres o motivassem a amar. O monge escancarou: as indulgências eram um embuste. Assim, Lutero solapava o poder da igreja que se autoproclamava gerente dos favores divinos.
Passados tantos séculos, o movimento neopentecostal, responsável pelas maiores fatias de crescimento entre evangélicos, abandonou a pregação da Graça. (É preciso ressaltar, de passagem, que o conceito da Graça pode até constar em compêndios teológicos, mas não significa quase nada no dia-a-dia dos sujeitos religiosos).

Os neopentecostais retrocederam ao catolicismo medieval. É pre-moderna a religiosidade que estimula valer-se de amuletos “como ponto de contato para a fé”; fazerem-se votos financeiros para “abrir as portras do céu”; “pagar o preço” para alcançar as promessas de Deus. Desse modo, a magia espiritual da Idade Média se disfarçou de piedade. A prática da maioria dos crentes hoje se concentra em aprender a controlar o mundo sobrenatural. Qual o objetivo? Alcançar prosperidade ou resolver problemas existenciais.

2. A compreensão da Fé

“A Piedade Pervertida” (Grapho Editores) de Ricardo Quadros Gouvêa é um trabalho primoroso que explica a influência do fundamentalismo entre evangélicos.

O louvorzão, assim como as vigílias e as reuniões de oração, e até mesmo o mais simples culto de domingo, muitas vezes não passam de um tipo de superstição que beira a feitiçaria, uma vez que ele é realizado com o intuito de ‘forçar’ uma ação benévola da parte de Deus, como se o culto e o louvor fossem um ‘sacrifício’, como os antigos sacrifícios pagãos. Neste caso, não temos mais liturgias, mas sim teurgias, nas quais procura-se manipular o poder de Deus” (p.28).
Ora, enquanto fé permanecer como uma “alavanca que move os céus”, as liturgias continuarão centradas na capacidade de tornar a oração mais eficaz. Antes dos neopentecostais, o Movimento Evangélico já se distanciara dos Místicos históricos que praticavam a oração com um exercício de contemplação e não como ferramenta de como tornar Deus mais útil.
Fé não é uma força que se projeta na direção do Eterno. Fé não desata os nós que impedem bênçãos. Fé é coragem de enfrentar a vida sem qualquer favor especial. Fé é confiança de que os valores de Cristo são suficientes no enfrentamento das contingências existenciais. Fé aposta no seguimento de Cristo; seguir a Cristo é um projeto de vida fascinante.
O neopentecostalismo ganhou visibilidade midiática, alastrou-se nas camadas populares e se tornou um movimento de massa. Por mais que os evangélicos conservadores não admitam, o neopentecostalismo passou a ser matriz de uma nova maneira de conceber as relações com o Divino.
A alternativa para o rolo compressor do neopentecostalismo só acontecerá quando houver coragem de romper com dogmatismos e com os anseios de resolver os problemas da vida pela magia.

O caminho parece longo, mas uma tênue luz já desponta no horizonte, e isso é animador.

Soli Deo Gloria

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

LOUCURAS DOS EVANGÉLICOS

Rev. Augustus Nicodemus Lopes

O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a palavra da cruz é loucura para a mente carnal e natural, para aqueles que estão perecendo (1Co 1.18, 21,23; 2.14; 3.19). Ele mesmo foi chamado de louco por Festo quando lhe anunciava o Evangelho (At 26.24). Pouco antes ao passar por Atenas, havia sido motivo de escárnio dos filósofos epicureus e estóicos por lhes anunciar a cruz e a ressurreição (At 17.18-32). O Evangelho sempre parecerá loucura para o homem não regenerado. Todavia, não há de que nos envergonharmos se formos considerados loucos por anunciar a cruz e a ressurreição. Como Pedro escreveu: "se formos sofrer, seja por sermos cristãos e não como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócio dos outros" (1Pe 4.15-16).

Nesta mesma linha, na carta que escreveu aos coríntios, o apóstolo Paulo, a certa altura, pede que eles evitem parecer loucos: “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão porventura que estais loucos?” (1Co 14.23). Ou seja, o apóstolo não queria que os cristãos dessem ao mundo motivos para que nos chamem de loucos, a não ser a pregação da cruz.

Infelizmente os evangélicos, ou uma parte deles, não deu ouvidos às palavras de Paulo, de que é válido tentarmos não parecer loucos.

Existe no meio evangélico tanta insensatez, falta de sabedoria, superstição, coisas ridículas, que acabamos dando aos inimigos de Cristo um pau para nos baterem. Somos ridicularizados, desprezados nos tornamos motivo de escárnio, e não é por pregarmos a Cristo, e este, crucificado, mas pelas sandices, tolices, bobagens, todas feitas em nome de Jesus Cristo.

- O que vocês acham que o mundo pensa de uma visão onde galinhas falam em línguas estranhas e um galo interpreta falando em nome de Deus, trazendo uma revelação profética a um pastor?

- O pastor pião, que depois de falar em línguas e profetizar, rodopia como resultado da unção de Deus?

- A “unção do leão”, onde supostamente recebida da parte de Deus durante show gospel, que faz a pessoa andar de quatro e urrando como um animal no palco?

Podemos dizer que o ridículo que isto provoca é resultado de pregação da cruz? Eu sei que vão argumentar que Deus falou através da burra de Balaão, e que pode falar através de galináceos ungidos. Mas a diferença é que a burra falou mesmo. Ninguém teve uma visão em que ela falava. E deve ter falado na língua de Balaão, e não em línguas estranhas. Naquela época faltavam profetas – Deus só tinha a burra para repreender o mercenário Balaão. Não haveria problema se um galinheiro inteiro falasse português na falta de homens e mulheres de Deus nesta nação. Mas não parece que este é o caso.

Sei que Deus mandou profetas andarem nus e profetizarem e fazerem coisas estranhas como esconder cintos de couro para apodrecerem. E ainda mandou outros comerem mel silvestre e gafanhotos e se vestirem de peles de animais. Tudo isso fazia sentido naquela época, onde a revelação escrita da Bíblia, não estava pronta, e onde estes profetas eram os instrumentos de Deus para sua revelação especial e infalível.

Não vejo qualquer semelhança entre o pastor "pião" e a pastora leoa e o profeta Isaías, que andou nu e descalço por três anos como símbolo do que Deus haveria de fazer ao Egito e à Etiópia (Is 20.2-4).

Eu sei que o mundo sempre vai zombar dos crentes, mas que esta zombaria, como queria Paulo, seja o resultado da pregação da cruz, da proclamação das verdades do Evangelho, e não o fruto de nossa própria insensatez.

Não devemos nos envergonhar da loucura do Evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam evangélicos.

Fonte: santovivo.net

"COSTURARAM" O VÉU DO TEMPLO E COLOCARAM DE VOLTA

José Bezerra Dias

Texto Base: E o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (Mc 15.38).

O véu que separava o lugar Santíssimo no Tabernáculo e posteriormente no Templo significava que o homem para falar com Deus necessitava de um intercessor humano. Esse intercessor era o sumo sacerdote, que apenas uma vez por ano podia adentrar ao Santo dos Santos, depois de cumprir todo um ritual de purificação. O povo ficava esperando do lado de fora para depois saber o que Deus tinha falado.

A morte de Jesus no Calvário marcou o fim dessa separação, o véu foi rasgado de alto a baixo não deixando dúvidas que foi o poder e a vontade de Deus que o fez. Tudo isso demonstrando que a partir de então o homem tinha livre acesso ao Pai Celestial. A morte de Jesus também significou o sacrifício perfeito e único. Todo sacrifício que o homem necessitava fazer para ter paz com Deus, foi encerrado na morte de Jesus, conforme escreve o autor da epístola aos Hebreus: Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto ele fez, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre (Hb 7.27-28).

Mas agora estamos vendo em algumas igrejas, principalmente nas neopentecostais os pastores sendo colocados como intercessores entre Deus e os homens. Quer dizer, para que Deus lhe atenda você precisa receber a oração feita pelo bispo tal. Se não for dessa maneira, sua suplica a Deus ficará sem resposta. Deus não responde mais as orações de seus filhos se não houver a intermediação de um pastor, apostolo ou bispo. "Costuraram" o véu do Templo e colocaram de volta. O acesso a Deus está restrito a um pequeno grupo de “queridinhos”. São os novos sumo sacerdotes. Muitos crentes já não oram por cura, seja qual for a doença, porque Deus só atende a oração se for feita por pastores ou bispos.

Este tipo de ensinamento não é feito diretamente, mas as pessoas são induzidas a acreditarem que é dessa maneira que as coisas devem ser, já que são bombardeadas com exemplos de curas e milagres que acontecem quando a oração é feita por um desses "ungidos" do Senhor. Existe até uma "guerra" entre igrejas para saber onde está a oração mais forte, onde está o maior número de curas.

A falta de conhecimento bíblico faz com que um grande número de pessoas fique a mercê desse tipo de prática. Tem pastor dizendo que os membros de sua igreja não precisam sequer jejuar, isso será feito por ele.

O sistema de sacrifícios que havia sido encerrado em Jesus, também voltou a ser praticado. Só que agora não é mais com animais e sim com dinheiro. Os púlpitos foram substituídos por altares, que significa lugar de sacrifício. Já apontando para onde o “fiel” deve levar seu sacrifício. Para provar sua fé a pessoa deve entregar seus bens. Se isso não for feito as bênçãos não acontecerão. Estão apresentando um Deus que só atende pedidos se for feito por líderes da Igreja e se houver pagamento. O Deus misericordioso, amoroso e cheio de graça foi substituido por um deus mercenário, que não atende a quem não paga pelo milagre, e é pagamento adiantado.

O mais estranho é que eles ensinam que o pagamento é uma prova da fé, mas quando o milagre não acontece, dizem que foi por falta de fé. Mas a pessoa já não tinha demonstrado sua fé ao pagar pelo milagre? Como então não teve fé? São contradições que o povo "cegamente" aceita.

Uma criação dessa gente que fez grande sucesso foi o sacrifício de "Isaque", em que o fiel entregava a igreja o seu maior e melhor bem. A grande diferença com o sacrifício da Bíblia, é que Deus devolveu a Abraão o seu Isaque. No sacrifício que eles inventaram o "Isaque" não é devolvido. E ningém questiona.

Enfim, é tudo uma grande manipulação. Essa turma esta brincando com a Palavra de Deus. Se fazem de "doutores" nas Escrituras quando na verdade só à usam para alcançarem seus objetivos, que é "criar" uma geração de cristãos dependentes deles.

E o povo segue todas essas coisas como se estivesse tudo correto, tudo segundo a Bíblia. O povo continua escravizado por falta de conhecimento. Até quando?

Fonte: santovivo

AINDA HÁ MOTIVOS PARA COMEMORAR A REFORMA?

Alderi Souza de Matos


Por várias razões, é bastante reduzido, em termos proporcionais, o número de protestantes que valorizam e celebram a Reforma do século 16. Os pentecostais e neopentecostais, tendo surgido tardiamente e rompido com as Igrejas Históricas em diversos aspectos importantes, sentem pouca ou nenhuma afinidade com a obra dos reformadores. Muitos batistas, quer por se considerarem diferentes das demais igrejas evangélicas, quer por verem as raízes do seu movimento em épocas anteriores ao século 16, também não se identificam com a Reforma Protestante. Os metodistas mantiveram certos aspectos da herança protestante original, mas também produziram alterações significativas na mesma, como argumenta corretamente o historiador Mark Noll em sua obra Momentos Decisivos na História do Cristianismo (Cultura Cristã, 2000).


Restam os quatro grupos iniciais da Reforma do século 16: luteranos, calvinistas, anabatistas e anglicanos. Os anabatistas, representados mormente pelos menonitas, pretenderam ser os “Reformadores da Reforma”, visto entenderem que os primeiros líderes não foram longe o bastante na sua ruptura com o catolicismo medieval. A comunidade anglicana, em virtude do seu caráter misto protestante-católico, também hesita em assumir entusiasticamente os seus laços com a Reforma. Desse modo, são especialmente os luteranos e os calvinistas que continuam a celebrar com maior ênfase o evento de 31 de outubro de 1517 e suas vastas conseqüências. Aliás, historicamente os presbiterianos têm uma razão adicional para comemorar a Reforma, uma vez que os protestantes suíços ligados a Zuínglio e Calvino receberam desde o início a designação específica de “reformados”.


Infelizmente, nestes tempos pós-modernos, muitos presbiterianos têm nutrido dúvidas e ambigüidades quanto à identidade reformada. Há alguns anos, surgiu entre nós o slogan historicamente insustentável e teologicamente contraditório Fides reformata et semper reformanda est, ou seja, “a fé é reformada e está sempre se reformando”. Os reformadores jamais concordariam com isso. A Igreja é que é passível de reforma (“Ecclesia reformata sed semper reformanda”), mas não a fé, as convicções básicas cristãs e reformadas, as verdades inegociáveis de “sola Scriptura”, “sola gratia”, “solo Christo”, “sola fides” e muitas outras, com suas profundas implicações. Comemorar a Reforma não é uma questão de saudosismo ou apego à tradição, mas significa reafirmar os fundamentos bíblicos redescobertos e confessados pelos reformadores, sem os quais ficaremos à deriva no mar de incertezas que caracteriza a presente era.
Fonte: www. mackinzie

sábado, 9 de outubro de 2010

CONFRONTO - Dilma pede direito de resposta a TV católica

CONFRONTO - Dilma pede direito de resposta a TV católica

Quando a suposta laicidade do estado vira perseguição; Ou: guerra à religião vitima até os quartéis

Quando a suposta laicidade do estado vira perseguição; Ou: guerra à religião vitima até os quartéis

AS ELEIÇÕES E OS APROVEITADORES DA BOA FÉ E DA CREDULIDADE EVANGÉLICA

Rev. Sandro Amadeu Cerveira

Talvez eu tenha falhado como pastor nestas eleições. Digo isso porque estou com a impressão de ter feito pouco para desconstruir ou no pelo menos problematizar a onda de boataria e os posicionamentos “ungidos” de alguns caciques evangélicos. [1]

Talvez o mais grotesco tenham sido os emails e “vídeos” afirmando que votar em Dilma e no PT seria o mesmo que apoiar uma conspiração que mataria Dilma (por meios sobrenaturais) assim que fosse eleita e logo a seguir implantaria no Brasil uma ditadura comunista-luciferiana pelas mãos do filho de Michel Temer. Em outras o próprio Temer seria o satanista mor. Confesso que não respondi publicamente esse tipo de mensagem por acreditar que tamanha absurdo seria rejeitada pelo bom senso de meus irmãos evangélicos. Para além da “viagem” do conteúdo a absoluta falta de fontes e provas para estas “notícias” deveria ter levado (acreditei) as pessoas de boa fé a pelo menos desconfiar destas graves acusações infundadas. [2]

A candidata Marina Silva, uma evangélica da Assembléia de Deus, até onde se sabe sem qualquer mancha em sua biografia, também não saiu ilesa. Várias denominações evangélicas antes fervorosas defensoras de um “candidato evangélico” a presidência da república simplesmente ignoraram esta assembleiana de longa data.

Como se não bastasse, Marina foi também acusada pelo pastor Silas Malafaia de ser “dissimulada”, “pior do que o ímpio” e defender, (segundo ele), um plebiscito sobre o aborto. Surpreende como um líder da inteligência de Malafaia declare seu apoio a Marina em um dia, mude de voto três dias depois e à apenas 6 dias das eleições desconheça as proposições de sua irmã na fé.

De fato Marina Silva afirmou (desde cedo na campanha, diga-se de passagem) que “casos de alta complexidade cultural, moral, social e espiritual como esses, (aborto e maconha) deveriam ser debatidos pela sociedade na forma de plebiscito” [3], mas de fato não disse que uma vez eleita ela convocaria esse plebiscito.

O mais surpreendentemente, porém foi o absoluto silêncio quanto ao candidato José Serra. O candidato tucano foi curiosamente poupado. Somente a campanha adversária lembrou que foi ele, Serra a trazer o aborto para dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) [4]. Enquanto ministro da saúde o candidato do PSDB assinou em 1998 a norma técnica do SUS ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez [5]. Fiquei intrigado que nenhum colega pastor absolutamente contra o aborto tenha se dignado a me avisar desta “barbaridade”.

Também foi de estranhar que nenhum pastor preocupado com a legalização das drogas tenha disparado uma enxurrada de-mails alertando os evangélicos de que o presidente de honra do PSDB, e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso defenda a descriminalização da posse de maconha para o consumo pessoal [6].

Por fim nem Malafaia, nem os boateiros de plantão tiveram interesse em dar visibilidade a noticia veiculada pelo jornal a Folha de São Paulo (Edição eletrônica de 21/06/10) nos alertando para o fato de que “O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou nesta segunda-feira ser a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais.” [7]

Depois de tudo isso é razoável desconfiar que o problema não esteja realmente na posição que os candidatos tenham sobre o aborto, união civil e adoção de crianças por homossexuais ou ainda a descriminalização da maconha. Se o problema fosse realmente o comprometimento dos candidatos e seus partidos com as questões acima os líderes evangélicos que abominam estas propostas não teriam alternativa.

A única postura coerente seria então pregar o voto nulo, branco ou ainda a ausência justificada. Se tivessem realmente a coragem que aparentam em suas bravatas televisivas deveriam convocar um boicote às eleições. Um gigantesco protesto a-partidário denunciando o fato de que nenhum dos candidatos com chances de ser eleitos tenha realmente se comprometido de forma clara e inequívoca com os valores evangélicos. Fazer uma denuncia seletiva de quem esta comprometido com a “iniqüidade” é, no mínimo, desonesto.

Falar mal de candidato A e beneficiar B por tabela (sendo que B está igualmente comprometido com os mesmo “problemas”) é muito fácil. Difícil é se arriscar num ato conseqüente de desobediência civil como fez Luther King quando entendeu que as leis de seu país eram iníquas.

Termino dizendo que não deixarei de votar nestas eleições.

Não o farei por ter alguma esperança de que o Estado brasileiro transforme nossos costumes e percepções morais em lei criminalizando o que consideramos pecado. Aliás tenho verdadeiro pavor de abrir esse precedente.

Não o farei porque acredite que a pessoa em quem votarei seja católica, cristã ou evangélica e isso vá “abençoar” o Brasil. Sei, como lembrou o apóstolo Paulo, que se agisse assim teria de sair do mundo.

Votarei consciente de que os temas aqui mencionados (união civil de pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, descriminalização de algumas drogas entre outras polêmicas) não serão resolvidos pelo presidente ou presidenta da república. Como qualquer pessoa informada sobre o tema, sei que assuntos assim devem ser discutidos pela sociedade civil, pelo legislativo e eventualmente pelo judiciário (como foi o caso da lei de biossegurança) [8] com serenidade e racionalidade.

Votarei na pessoa que acredito representa o melhor projeto político para o Brasil levando em conta outras questões (aparentemente esquecidas pelos lideres evangélicos presentes na mídia) tais como distribuição de renda, justiça social, direitos humanos, tratamento digno para os profissionais da educação, entre outros temas. (Ver Mateus 25: 31-46) Estas questões até podem não interessar aos líderes evangélicos e cristãos em geral que já ascenderam à classe média alta, mas certamente tem toda a relevância para nossos irmãos mais pobres.

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NOTAS

[1] As afirmações que faço ao longo deste texto estão baseadas em informações públicas e amplamente divulgadas pelos meios de comunicação. Apresento os links dos jornais e documentos utilizados para verificação.

[2] http://www.hospitaldalma.com/2010/07/o-cristao-verdadeiro-nao-deve-votar-na.html

[3]http://ultimosegundo.ig.com.br/eleicoes/marina+rebate+declaracoes+de+pastor+evangelico+silas+malafaia/n1237789584105.html
Ver também http://www1.folha.uol.com.br/poder/805644-lider-evangelico-ataca-marina-e-anuncia-apoio-a-serra.shtml


[4]http://blogdadilma.blog.br/2010/09/serra-e-o-unico-candidato-que-ja-assinou-ordens-para-fazer-abortos-quando-ministro-da-saude-2.html

[6]http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=856843&tit=FHC-e-intelectuais-pedem-legalizacao-da-maconha

[7]http://www1.folha.uol.com.br/poder/754484-serra-se-diz-a-favor-da-uniao-civil-e-da-adocao-de-criancas-por-gays.shtml
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